Ao meu filho

No canto do quarto lá está,
o berço castanho de madeira,
e nele repousa o amor que em mim há,
a dedicação, a loucura, a força inteira.
Sonha talvez com estrelas e brinquedos.
Faz me imaginar o futuro que espreita
e se esguia para meus braços, apertando seus medos,
da noite que o aterroriza; em minha calma se deita…
E aqueles que não abriram seu ser e seu ventre,
para dar vida e ser parte do mundo cá de fora,
tentam roubar um segundo de vida inocente.
Jamais! Dói demais ter de vê – lo um dia ir embora…
É de todos os sonhos, o mais real,
o ar do meu dia, que enche meu pulmão.
É a graça de Deus mais querida e divinal,
que preenche a falta que há em meu coração!
Amo te acima da luz e da lua,
encaro Satanás para ver – te a meu lado…
A alma de mãe, desta mãe tua
só tem olhos para ti, meu filho adorado.
Enquanto dormes no canto do quarto
viajo numa busca em corda pendente,
e entre lágrimas regresso e parto,
fazendo de tudo, para sempre ter – te,

meu descendente.
Procuro então uma razão para tomar,
um rumo contrário, outro sul,
me erguendo, na esperança de me tornar
A mãe mais amada, por meu filho… Raúl…

Comentários

  1. Lindo, Real, Verdadeiro! É verdade querida Amiga. Desde bem pequenos que nos amarguramos com o dia em que eles hão-de partir, seguindo a sua vida. E hoje, posso falar com "conhecimento de causa". Tenho três e faz hoje uma semana que o mais velho, mas que vemos sempre como "os nossos miúdos", partiu rumo ao Destino que sempre aspirou. Só no aeroporto, e passadas algumas décadas, percebi, porque, nas hora em que eu partia, inclusivé para a guerra, (e aqui muito mais doloroso, certamente) a minha querida mãe "desaparecia"...Mas é a vida e os seus rumos, e contra isso...
    Obrigado Sandrinha. Este "tocou-me" mesmo.

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