Baú de mãe


Este descomunal gelo que sinto
cessa – me dolorosamente a circulação,
deixando meu sangue sólido e extinto,
sem percurso para atingir o coração!


Abri demoradamente o meu baú de mãe,
aquele que guardava a lembrança,
do ser que sendo meu não é de ninguém
que eu gerei e vi nascer criança!


Porque é doloroso ficar sem ver
quem se ama e é razão de vida,
mesmo com a certeza que continua a viver
é degradante a dor da partida!


Remexi o baú em grande agitação,
com o intuito de querer encontrar,
as asas do meu filho, guardados com o coração
e que lhe devolvo agora para ele voar!


E do alto da montanha com impulsão
demonstrando coragem, incentivando,
estará sangrando meu coração…
e eu sorrindo,com a hora de seu regresso ansiando!

Comentários

  1. Lindo! Lindo! Lindo! REAL E VERDADEIRO!
    Falo por mim, claro! Porque certamente haverão outras "maneiras" de os vermos partir. Mesmo que temporariamente. E mesmo que nos queiramos convencer que "eles só estão a fazer o que um dia nós já fizemos", a verdade é que "nunca estamos bem preparados para a "despedida"! E por experiência própria posso dizer:
    - "O tormento, a angústia, a ansiedade de não lhe podermos estar a seguir os passos, são compensados pela ilimitada alegria do seu regresso". Nessa altura, o sal das lágrimas da despedida transforma-se em doce "sumo" da alegria do reencontro! Obrigado, Sandrinha, por me permitires estes "devaneios" adorando o teu trabalho.

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  2. Amei!!!Achei profundo ede despertar um sentimento forte..
    A saudade!!Chorei...
    Um abraço fraternal e obrigada por deixar tantos corações falarem junto as tuas poesias!!
    Ghetta.

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