Sem direcção
Eu vivo a contar os segundos
que cada dia me oferece,
ansiando olhar olhos profundos,
que meu olhar sedento, não esquece!
Eu vivo contando cada minuto,
diminuindo esta ausência ingrata,
disfarçando com sorrisos o luto
de uma distância que me mata.
Eu vivo dias numa hora,
como se a morte viesse
para me levar daqui embora
e eternamente me quisesse.
Eu vivi anos procurando
a luz dos meus desejos sonhados,
me perdendo , caminhando, chorando,
entrando por caminhos errados.
Eu vivi minha vida entre sonhos e a imaginação,
desejei – os tão intensamente, que os julguei reais,
e agora que me encontro sem direcção,
afinal descubro que já não vivo mais.
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