Madrugada



Regressei a casa de pés no chão,
sentindo nos pés o frio da madrugada,
trazendo tudo da minha vida,no coração
gelado pela força da brisa da geada.

Entrei devagar no palácio sombrio,
abri – lhe a porta como quem não quer entrar,
arrastando a dor que me gelava,como o frio
dos pólos do ter de partir querendo ficar.

Caminhei em silêncio em cada passo,
deixando pegadas de passados e de sorrisos.
Despi do corpo a roupa em compasso
mantendo apenas a pele e os cabelos lisos.

Subi a escada ,quase sem respirar
pois me impregnava o cansaço e a dor,
da tristeza e da força do amar
e a constância das forças do rio do teu suor.

Abri lentamente a janela do meu espaço...
Uma brisa revoltada agrediu me com o cortinado,
e brevemente transportou – me para dentro do abraço
que inesquecivelmente repousou a meu lado.

Instantaneamente saltaram aguçadas lágrimas de desgosto,
fazendo lembrar as palavras do olhar e dos corpos,o envolver,
caíram vertiginosamente mordendo as maçãs do meu rosto
como se fossem lobos ferozes e sem nada para comer.

Desfaleci entre a companheira almofada e o lençol,
arrasada pelo paradoxo que a vida me ofertava...
Sem sono desejei o rápido nascer do sol
pois a dor da saudade, que me sequestrou, já me gelava.







Comentários

  1. Na madrugada, acordada, tudo se reaviva! Mas, há sempre a esperança dum novo dia e com ele...uma nova vida| Adorei.

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