Metade de mim…

Já sem a luz das velas aromáticas,
apenas com o eco das palavras ditas,
regressaram ao meu lar vazio, as lágrimas
azedas, constantes … malditas…

Juntei – lhes sabão e fiz espuma
e com elas lavei, por tino, as louças,
e através da janela só havia uma bruma
Que rindo, cruel, me levava as forças…

Guardei no armário do meu peito
os talheres, junto aos momentos vividos,
e regressei às imagens do teu deleite
entre as iguarias e os abraços servidos.

E a cada passo, nesta viagem ,
mais me desfazia, mais ficava degradada,
pois eu fui animal selvagem,
presa perseguida em bárbara caçada.

Fui todo o dia lume e calor;
dei – me inteira do inicio ao fim;
investi todos os meus ingredientes de amor,
mas fiquei apenas mais despida … metade de mim…

O dia avisou – me que a noite partia…
As horas haviam passado caladas…
Regressei quieta para a cama vazia
ouvindo partir, teus passos nas escadas…

Pela janela, vejo o dia nascer,
morrendo por não estares por perto…
e adormeço de tristeza… e sem querer
ser o teu oásis e tu o meu deserto.

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