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Já fui palco

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Já me disfarcei de palco e de cortina Já me gritei alto e em surdina Por tantas vezes tentei, deixar de ser e existir Mas as vozes que em mim moram e me gritam São como rajadas de vida que me agitam E mandam-me prosseguir… Já fui palco vazio Quase morto Peça sem aplauso, nem brio Sobrado torto… Mas as vozes que em mim se abrigam calmamente São como rajadas de gente Caminhando p’ra bom porto… Já fui palco floreado Coberto de palavras e emoção Já fui texto encenado E era eu (tudo) o que trazia no coração. Mas as roupas que vestia, despiam-me E as palavras que proferia, feriam-me Julgava–me eu camuflada... Já fui palco, Cortina, Peça encenada… Já despi as mágoas e o preconceito E fiz das lágrimas de sal e sangue: mel e doce. E jurei convictamente à vida, por mais amarga que ela fosse Adoçá-la com as gotas de verdade que trago no meu peito.

A chuva que cai

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Esta louca chuva que cai Gelada Não me dá nada; Leva com ela as lágrimas coladas na janela, Lava as pegadas dos nossos pés… A chuva que cai Leva–me como uma rajada, Em rodopio, Arrastada… Molha meus sonhos E faz deles barcos abalroados de papel… E cai… …Cai, Desfazendo o azul do céu Aumentando o mar Cobrindo os corpos de barro E desalento… E desafia Descaradamente as rajadas do vento… A chuva que cai Leva-me em gotas pequenas Semeando-me nas montanhas e nas ribeiras, E nasce, do céu, como se fossem açucenas, Regando tudo como se tudo fossem árvores e flores Esta chuva que cai Bate as asas Tão depressa Que apenas nos sentimos Leves como as penas dos mais esvoaçantes Açores.

Recado

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                                            Como é bom beijar-te entre as gotas geladas de chuva (que caindo vão) e cheirar-te entre suaves apertados toques da tua mão... como é bom ver-te chegar, ver-te sorrindo... e ouvir dentro de mim meu coração gritar o que está sentindo...

(In) quieta

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Acredito que desta noite faremos um dia; E que desta lua faremos um sol imenso; E destes troncos um jardim de magia, Desta brisa, aromas de incenso E destes corpos, regatos; E do suor água pura; E das nossas colinas, matos; Das diferenças, ternura… E em beijos escreveremos poesia, Que vai pintando a voz de rebeldia, Enchendo-nos a boca de doce de azália E (in)quieta a inspiração vai calma Despertando os desassossegos da alma Gritando verdades de Natália. Que os nossos gritos são independentes E a nossa força é a verdade E só se formos honestos, educamos os descendentes A preservar a humanidade!

Tanto…

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                                                   Ainda tenho para dizer-te tanto mas,nem sempre as palavras esvoaçam na minha boca porque sei que não basta amar-te tanto, a vida às vezes parece andar louca... ... e faz de mim um cavalo de batalha e leva-me arrastada por aí deslizando em passos leves no gume de uma navalha ferindo-me a mim... defendendo-te a ti… Ainda tenho que tocar-te tanto mas nem sempre te encontram as minhas mãos porque sei que não basta querer-te tanto, a vida às vezes caminha em passos vãos… ... e faz de mim um pássaro ferido e leva-me devagar por aí deslizo sem asas como se tivesse vivido ferindo-me a mim... defendendo-te a ti…

Beijo

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Eu sonhei tantos beijos entre nós e imaginei que a tua boca jamais me magoaria e que seria sempre a voz que te guiaria sonhei ser o teu tesouro valioso a tua alegria... eu sonhei ter contigo a calma das águas das lagoas escondidas e o aconchego de um porto de abrigo sonhei as entregas apaixonadas e desmedidas desejei nunca mais saborear o perigo de engolir lágrimas vazias... eu fiz do meu corpo a tua fortaleza do meu pensamento a tua oração dos meus dias, fiz-te a minha certeza ambicionei ser o outro lado da tua mão mas não sei viver regando com tristeza meu apaixonado coração... este verso é um beijo distante que sonhei dar-te e não te alcancei nada apagará em mim o teu cheiro, meu amante o homem com quem toda a vida sonhei e que entrou em meu olhar vibrante lendo todas as lágrimas frias que já chorei...

Palavras do coração

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Que a mulher saiba sempre costurar laços E seja fonte de sabedoria e porto de abrigo Que saiba fazer dos recantos dos seus braços A força do conforto, o colo amigo! Que a mulher seja menina, mãe e amante E saiba ser ternura, cuidado, firmeza Que construa um futuro brilhante Sempre com dignidade, devoção e beleza. Que a mulher nunca deixe de sonhar e cuidar daqueles que ama incondicionalmente, que ensine este mundo, a melhor, amar com doçura … delicadamente. Que a mulher saiba honrar quem no passado Padeceu com o preconceito e a discriminação E que a cada dia leve longe o seu legado Que é trazer sempre na boca, as palavras do coração!

Do outro lado da janela

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                       Do outro lado da janela Vejo movimentos de uma alma bela Que caminha sem desistir Que luta com toda a sofreguidão Com todo o poder do coração Tentando uma vida doce construir. Do outro lado da janela vejo Um corpo de homem (que desejo), Que seja meu, até ao meu último suspiro Vejo na força camuflada dos seus braços O veludo confortável dos seus abraços, O calor do corpo amante que eu admiro. Do outro lado da janela há uma porta Abrindo caminho a uma vida que já foi morta Mas que lutando reergueu-se, ressuscitou, E nem com todos os ventos e trovoadas Deixou arrastar seu coração para estradas Obscuras, onde o demónio já andou.

Reflexos

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Não construamos mais castelos Por mais que imponentes e belos São pedras frias Vazias… Façamos apenas das cabanas Das grutas nas rochas Das savanas O lar acolhedor dos nossos dias. Não pintemos a vida tentando disfarçar Lágrimas que nos insistem em afogar Mostremos o rosto, ao mundo, tal como se sente Se feliz, feliz então, Se doído, doído então É que para nós mesmos jamais se mente… Chega de enganos e falsidades Enfrentemos sem medos as realidades Gritemos o que nos vai na alma, no interior… É que seremos na nossa vida A verdade da nossa alma reflectida Sejamos então reflexos de amor!

Desertos

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Esta coisa de não sabermos quem somos Torna-nos loucos conquistadores Por vivermos uma busca incessante Percorrendo caminhos de conquista De encontros e de amores… Esta coisa de andarmos por aí (à deriva) Guiados por bússolas e relógios solares Faz de nós seres incompletos, desencontrados   e inquietos,   astronautas , cientistas, infindos mares. Esta coisa incerta que temos de certo Leva-nos a campos abertos Mostra-nos céus que jamais voaremos; Pois não somos o que temos, Não somos mais por enriquecermos Quanto mais ricos, mais desertos… Esta coisa de nascer para morrer E vivermos tão mortos enquanto vivos Faz a alma padecer Chorar de desgosto e desprazer Enche-nos de momentos negativos… Esta coisa de não sabermos quem somos Torna-nos loucos conquistadores Mata-nos a incerteza e o desalento Por sabermos que morremos (a qualquer momento) Somos livros abertos cheios de dores.