Nasci como nasce uma árvore qualquer, mas em torneada silhueta de mulher, onde o vento brinca, entre a anca e os seios! Minha folhagem tem o mistério das cavernas; possuem a força dos troncos, as minhas pernas, e os meus ramos, são de ninhos de sonhos, tão cheios. Vou – me desfolhando, como se Outono fosse… em cada folha, deposito a minha parte mais doce, deixando em cada campo um rasto da minha raiz. Sigo, adiante numa busca incessante e dolorosa, buscando uma alma que me seja honrosa, que não me traia, me regue e me faça feliz! Nasci uma árvore carregada de sensibilidade, onde as palavras, tanto me prendem como dão liberdade, resultando da minha vida um poema, como fruto! Sou uma árvore transformada em folhas de papel desnudo; escrevo –me!Escrevo nestas vazias folhas de papel,tudo o que me ressuscita; o que me mata; o que me traz luto… Na minha copa sobrevoam pássaros em corrupio, saciando a sede nas minhas lágrimas, que formam rio