Pedaços de uma Mulher


Estas palavras que aqui deposito
são como as lanças que me agoniam,
que destroem o meu peito aflito,
me esfaqueiam,me esvaziam…

São palavras sentimentos que me esvoaçam
que eu temi tantas vezes exprimir,
por saber que ao dizê–las,já não me abraçam
os braços, que tantas vezes,loucamente,pude sentir.

E vou eu, como outras vezes no passado,
percorrer,entre lágrimas e tristeza,o corredor,
tentando recuperar meu coração despedaçado
por procurar e acreditar tanto no amor!

Embora devagar,passo a passo,
sentindo uma imensa vontade de ruir,
tentarei colher para o meu regaço
os pedaços de mim para me reconstruir.

Irei no amanhã olhar com prudente calma,
esconderei o meu olhar,a minha essência…
Não deixarei ninguém encontrar neles a minha alma
viverei guardando bem guardada  minha carência…

E sentada a escrever,tanto que rastejo…
Pois é assim que me sinto,no poço, no fundo…
Apagaste em mim o futuro,o desejo,
foi como se me expulsasses do mundo.

Deposito com dor e amargura abundante
este poema,que encerra na minha vida um capítulo,
como se eu fosse um livro preso numa estante
e tu deste livro fosses o título…

Sem dúvida,deixaste–te escrito… ferrado
nas páginas da minha vida,que não posso reescrever,
mudando a história do meu olhar,que sabias,já tão marcado,
criando mais em mim pedaços de uma Mulher!





Comentários

  1. O poema está simplesmente Lindo! É uma grande verdade que oiço desde pequeno: "Os olhos são o espelho da Alma"! Mas, Sandrinha, a nossa passagem por esta vida, não é mais que um "livro". E um livro, normalmente, tem vários capítulos. Encerrado um, é tempo de erguer e começar outro. E tu sabes e tens "meios" para isso! Força!!!

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